É com grande satisfação que apresentamos o espetáculo Njilas - Projeto
Numes do NOME (GO), texto de Luciana Lyra com a colaboração de Alexandre
Nunes, Direção Alexandre Nunes.
SOBRE NJILAS
Njilas
é uma viagem ainda em trânsito. É o nome que demos ao resultado
artístico das pesquisas realizadas pelo LABORSATORI, no projeto Numes do
Nome, em sua fase aguda de criação. Quando um cortejo de mênades
aportou em nossa sala de trabalho. É também uma discreta atualização do
mito trágico das Bacantes, sob influência dos batuques africanos que
enriquecem a fome antropofágica brasileira. E quando juntamos Grécia e
África num mesmo terreiro, é natural perceber o parentesco discreto
entre as Tíades e Pomba-Gira.
Na
tradição de Angola, Pambu Njila é o nome de uma divindade que funciona
como agente de ligação entre a dimensão física e a dimensão mística da
existência. De modo similar a Hermes, da cultura grega antiga, é Pambu
Njila quem autoriza todo trânsito entre este e o outro mundo. Trânsito
entre alteridades.
Como
enfatizou o estudioso Jean-Pierre Vernant, a própria religião cívica de
Atenas só podia garantir soberania sobre a população grega, graças a
sua capacidade de reservar um lugar, em seu seio, para o culto de
mistérios cuja aspiração e atitude se lhe parecia estranha a seu
espírito. Este foi o caso, por exemplo, dos cultos e rituais dedicados a
Dioniso, deus considerado estrangeiro.
Talvez
sua própria experiência marginal, de exilado, tenha sido significativa
para que Eurípedes, o mais humanista dentre os poetas trágicos, tenha se
dedicado com considerado afinco à escrita de As Bacantes. No Brasil de
hoje, o mote dessa tragédia pode encontrar similares repercussões. A
condição marginal, à qual muitos grupos sociais são submetidos, ou mesmo
a misoginia que as mulheres ainda enfrentam, são temas facilmente
identificados nas entrelinhas da poética bacante. Além disso, a própria
situação das crenças e rituais de origem africana, no seio de nossa
sociedade, pode ser equiparada à condição do dionisismo na polis grega.
Data: 28 e 29 de março (sexta e sábado)
Horário: 21h
Data: 30 de março (domingo)
Horário: 20h
Local: Centro Cultural UFG
R$ 10,00
R$ 5,00 (meia)
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